
Dezenas de municípios do Oeste catarinense seguem enfrentando as consequências da estiagem que começou no final de 2024 e se estendeu até março de 2025. Apesar das chuvas registradas nas últimas semanas, a má distribuição dos volumes pluviométricos fez com que muitas áreas continuassem em situação crítica, especialmente nas zonas rurais.
Em Alto Bela Vista, a istração municipal decretou situação de emergência devido à grave escassez de água. De acordo com o secretário de Agricultura e Meio Ambiente, Gustavo Iohmann, desde janeiro a prefeitura intensificou o transporte de água para as propriedades rurais utilizando dois caminhões-tanque, um com capacidade para 8 mil litros e outro para 12 mil litros. Além disso, dois tratores equipados com pipas de 5 mil e 4 mil litros reforçam o abastecimento, sendo este último dedicado exclusivamente à água potável. “Choveu muito pouco no município e a situação só deve se normalizar com a volta de chuvas mais consistentes”, ressalta Iohmann.
A menos de 40 km dali, o cenário em Concórdia é um pouco mais otimista. Segundo o secretário de Agricultura, Vinicius Pozzo, as chuvas dos últimos 20 dias ajudaram a minimizar os impactos da estiagem sobre a produção agrícola. “O volume de chuvas não foi o ideal, mas foi suficiente para garantir a produtividade rural sem grandes prejuízos”, explica. Concórdia também foi contemplada pelo Programa Água para o Campo, que prevê a construção de cisternas para reforçar a segurança hídrica no meio rural.
Em todo o estado catarinense, culturas como a soja e o milho sofreram perdas consideráveis. A estiagem não apenas afetou as safras, mas também comprometeu o abastecimento de água em diversas comunidades.
A situação é ainda mais crítica no Alto Uruguai gaúcho. Municípios da região seguem fortemente impactados pela falta de chuvas. Em Maximiliano de Almeida (RS), por exemplo, os níveis dos riachos que margeiam a estrada de o ao município estão alarmantemente baixos. Em alguns pontos, praticamente secos, revelando um cenário preocupante para a agricultura e o abastecimento.
A previsão é que os efeitos da estiagem ainda sejam sentidos nos próximos meses, enquanto comunidades rurais seguem dependendo de ações emergenciais para garantir água para consumo e produção. A metereologia não indica previsão de chuvas significativas para o decorrer dos dias na região de fronteira entre os dois estados.
Kits de transporte de água
Em Santa Catarina, a Secretaria de Estado da Proteção e Defesa Civil tem ampliado o fornecimento de itens de assistência humanitária (IAH), como reservatórios de água e kits de transporte, aos municípios mais afetados ou com histórico de vulnerabilidade hídrica.
O apoio ocorre de duas formas: emergencialmente, por meio de decretos de situação de emergência ou calamidade pública; e preventivamente, para municípios que apresentam histórico recorrente de estiagem.
Os kits são instalados em pontos estratégicos das comunidades afetadas. A água é transportada por caminhões até os reservatórios, de onde as famílias podem coletá-la para consumo. O equipamento tem sido essencial em áreas do interior onde o abastecimento depende de poços artesianos ou superficiais que secaram com a estiagem.
Entre os municípios que estão sendo atendidos de forma emergencial, após a decretação de situação de emergência, estão: Campo Erê; Arvoredo; Planalto Alegre; Romelândia e São Miguel da Boa Vista. Já os municípios que estão recebendo os itens de forma preventiva são: Mondaí; Nova Itaberaba; Abelardo Luz; Jupiá e Ipiaçu.